A grosso modo, quando falamos em jogos educativos as crianças tendem a “torcer o nariz” e ficarem bem insatisfeitas com esse tipo de jogo. Talvez isso aconteça porque boa parte desses games não valorizam o entretenimento e a arte, procurando ensinar as crianças de um modo antiquado e completamente fora do universo infantil. Sendo direto ao ponto, são caretas, muitas vezes subestimam a inteligência dos mais jovens e são simplesmente sem graças. 

No entanto, existem algumas exceções a essa regra, como é o caso do desenho do Capitão Planeta que é uma verdadeira aula sobre preservação da natureza, enquanto os jogadores dos anos oitenta tiveram o jogo da Carmen San Diego, que era uma verdadeira aula de geografia em um game que cabia em um disquete, pesava menos de 1MB e, mesmo assim, era bastante viciante. 

PANTERA COR-DE-ROSA EM JOGOS DE APONTE E CLIQUE

Nesse contexto, um jogo dos anos noventa também fez muito sucesso entre a garotada: a Pantera Cor-De-Rosa em Passaporte para o Perigo.  Lançado em 1996, ele é um jogo da extinta Wanderlust Interactive em que a Pantera assume o papel de detetive enviado pelo Inspector Clouseau para um acampamento onde crianças do mundo inteiro estão hospedadas. Clouseau diz que as crianças estão começando a agir de modo estranho e dá a missão para a Pantera investigar o que está ocorrendo.

Logo após a chegada do protagonista ao acampamento, os jovens, que anteriormente eram amáveis, passam a misteriosamente odiar o lugar e a ter um comportamento agressivo. Para resolver este problema, a Pantera viajará aos países de cada uma das crianças em buscas de provas de que “algo está errado”. 

Essa é a desculpa para você se aventurar por vários países, incluindo Inglaterra, Egito, China, Butão, Índia e Austrália, conhecendo os costumes do país, a culinária, curiosidades e diversos tipos de informações que farão o seu filho tirar uma nota “10” nas aulas de geografia. De quebra, o game tem valores do puro entretenimento, com enigmas lógicos que estão em um nível de dificuldade exato para não subestimar a inteligência das crianças e, porque não, o próprio pai ficará “quebrando a cabeça” para pensar, junto com o filho, a melhor solução para aquele problema.

Chama a atenção também que o jogo chegou  dublado em nosso idioma, algo raro para jogos dos anos noventa, além de que os visuais são muito bonitos e dão a sensação de que estamos “jogando um desenho animado”, algo bem impressionante para a época e, até hoje, sobreviveu bem a ação do tempo. Este game ganhou uma sequência, chamada de Abracadabra, que tem as mesmas características do primeiro, porém, dá noções mais relacionadas a história e, mesmo mantendo a qualidade, não é tão divertido quanto o primeiro. 

ONDE NO MUNDO ESTÁ CARMEN SAN DIEGO?

Clássico dos computadores antigos, este foi lançado originalmente em 1985 e também ganhou uma versão em português pela Tectoy. Pesando apenas alguns KB, ele cabia em um disquete e impressionava pela quantidade de conteúdo interno considerando seu tamanho.

Neste, o jogador assume o papel de um detetive novato da ACME que deve investigar crimes que estão ocorrendo ao redor do mundo pelos vilões da VILE, que fazem roubos inacreditáveis, seja um artefato histórico muito famoso, ou então dinheiro de jogos em apostas, semelhantes aos jogos de cassino da NetBet. O nível de dificuldade vai aumentando até chegar na vilã que dá nome ao jogo: Carmen San Diego. 

Curiosamente, o objetivo inicial não era ser um jogo educativo, mas pela própria temática ele acabou enveredando para esse lado, sendo uma estratégia que deu muito certo, o que acabou rendendo uma franquia com desenhos para TV e diversos outros jogos. Em 1995, mais de quatro milhões de cópias foram vendidas, algo bem impressionante para a época.

Quanto a jogabilidade, você basicamente tem um período limitado para identificar quem é o criminoso e, para isso, você deve conversar com as pessoas que darão dicas. Frases como “A pessoa que você procura esteve aqui, ela trocou o dinheiro por dracmas”, sendo  a moeda usada na Grécia naquela época antes da existência do Euro em 2002 ou então “Ele usava uma tatuagem no braço”, sendo uma pista para você incluir no banco de dados para ter um mandato de prisão. 

O jogo também vinha acompanhado com um Super Guia do Detetive com mais de 100 páginas que tinha bandeiras dos países e outras informações que auxiliavam os jogadores a passar nos jogos. Além disso, versões para o Mega Drive e o Master System também chegaram ao Brasil,  ambas traduzidas pela Tectoy também. 

Infelizmente, parece que não há mais jogos educativos do nível desses citados ao longo do texto, sendo uma “brecha” para que desenvolvedores independentes ou até mesmo grandes empresas invistam em jogos do gênero. As crianças precisam de jogos educativos, mas que as entretenham. Enquanto esses games não chegam, é uma boa ideia se aventurar nesses clássicos junto com seu filho tanto para ensiná-lo, quanto para você viver momentos nostálgicos.