Na escola da Bu, minha filha de quaaaase 4 anos (como passa rápido, gente!), entrou um moleque com alergia à proteína do leite. Mas, tipo, é aquele que se cair uma gota de leite na pele dele empipoca todo o corpo.
O que então a escola fez?
Explicaram tudinho sobre intolerância à proteína do leite e a alergia ao carboidrato do leite para os alunos. Resultado? A Bu chegou em casa explicando certinho o que o novo amiguinho tem.
Porém o mais bonitinho vem agora.
Teve uma festinha de dois amigos dela na escola e os amiguinhos e amiguinhas deles pediram à suas mães para preparem doces e salgados sem proteína do leite, pois assim o novo aluno poderia curtir a festinha tranquilamente.
Curti muito com a escola da Bu trata com a inclusão.
Porém Pequenos Gafanhotos, você sabe qual diferença entre Alergia e intolerância do leite? A Dra. Nathalie Moschetta Monteiro Gil, pediatra, neurologista infantil e prestadora de serviços no Hospital América de Mauá explica tudinho logo depois da imagem.
A intolerância à lactose é caracterizada pela ausência ou redução da enzima lactase no organismo. A lactase, por sua vez, é responsável pela quebra da lactose, carboidrato do leite que deve ser fracionado em galactose e glicose para ser absorvido.
Nos indivíduos intolerantes, a lactose é conduzida integralmente ao intestino, onde ocorre o fenômeno da fermentação entre 30 minutos a duas horas após o consumo de leite e derivados, provocando sintomas como flatulência, náuseas, vômitos, diarreias ácidas, distensão abdominal, dermatite perianal, entre outros. Os sintomas podem variar de acordo com a idade do indivíduo, a quantidade de lactose ingerida, o trânsito intestinal e a genética. Além do desconforto, com a cronicidade do caso, o paciente pode apresentar déficits de vitaminas, minerais e ácidos graxos essenciais, que acabam sendo perdidos devido à diarreia prolongada.
“Os sintomas têm início em diferentes faixas etárias, dependendo do tipo de intolerância: primária ou congênita (rara), que se manifesta desde o nascimento e é permanente, ou secundária, causada por algumas patologias que modificam a mucosa intestinal e alteram o tamanho das vilosidades, onde a lactase é produzida. O tipo secundário, que pode ocorrer também em idade adulta, trata-se de um quadro clínico transitório, ou seja, após um período de restrição da lactose na dieta, o paciente volta a tolerar o consumo” conforme explica a Dra. Nathalie Moschetta Monteiro Gil, pediatra e prestadora de serviços no Hospital América de Mauá.
Entre as doenças que podem se manifestar em decorrência desse quadro clínico, estão enterites infecciosas, doença celíaca, fibrose cística, desnutrição e prematuridade.
“Alguns pacientes apresentam sintomas apenas quando a quantidade ingerida é muito grande, então pequenos volumes de leite e derivados são tolerados. Uma boa alternativa para esses casos é consumir leite juntamente com alimentos sólidos, que irão aumentar o tempo de esvaziamento gástrico e, com isso, manter durante mais tempo o leite em contato com a enzima lactase remanescente. Nas crianças, assim que sintomas começarem a se apresentar, os pais devem procurar um pediatra e/ou um gastroenterologista pediátrico. O diagnóstico clínico é feito por meio da retirada de leite e derivados da dieta e também por exames complementares, como teste respiratório, teste da tolerância à lactose e teste genético. O teste respiratório investiga a eliminação de hidrogênio em amostras de ar expirado, já que o hidrogênio é um produto da fermentação da lactose. No teste da tolerância à lactose, a glicemia do paciente é aferida após a ingesta desse carboidrato do leite: em pacientes não intolerantes, o índice glicêmico é mais alto em relação ao jejum, enquanto nos intolerantes essa variação não acontece. Já o teste genético é realizado apenas quando há suspeita de intolerância primária/congênita”, esclarece a doutora.
O tratamento para intolerância à lactose consiste na redução da ingestão de leite e derivados, e a legislação brasileira (Projeto de lei 2663/2003) garante que a informação da presença de lactose esteja descrita em todas as embalagens de alimentos. Atualmente, médicos especialistas podem prescrever medicamentos que contêm a enzima lactase e colaboram para a digestão da lactose, devendo ser ingeridos, portanto, um pouco antes do consumo de leite e derivados.
Alergia X intolerância
Alergia ao leite e intolerância à lactose são a mesma coisa?
Os pais frequentemente têm essa dúvida, e a resposta é não. A alergia está relacionada à proteína do leite, enquanto a intolerância tem relação com o carboidrato do leite e possui diferentes sintomas e tratamentos.
Na alergia, os sintomas mais comuns são evacuações amolecidas, sangue nas fezes, vômitos, dificuldade de ganho de peso e urticária. Nesse caso, a restrição ao leite deve ser mais rigorosa, excluindo até mesmo medicamentes e cosméticos que podem conter traços de leite.
Imagens via www.shutterstock.com