Autor Convidado Archives - Nerd Pai

Categoria “Autor Convidado”

05/04/13

Smartphone ajuda na produtividade?

> Autor: Jorge Freire > Categoria: Autor Convidado

A leitora Janaína Scaramel passou por uma experiência em seu trabalho que mostra que o smartphone pode sim ajudar a produtividade. Achei tão interessante que a convidei para escrever esse post.

Nerd Pai

As discussões acerca do impacto da tecnologia nas nossas vidas, nas nossas relações sociais e nas gerações que estão por vir não são mais novidade. Embora um consenso ainda não tenha sido criado todo mundo tem uma opinião sobre o assunto. A minha opinião se formou, ou melhor, se modificou há mais ou menos um ano atrás quando a vida me colocou na mesma seção que dois estagiários adolescentes.

Eu, monotarefa de carteirinha que sou, não demorei a ficar enlouquecida com o “clac clac clac” produzido pelas teclas dos celulares que não desancavam um só minuto. A solução que encontrei foi conversar com eles, explicar de forma leve e descontraída o quanto aquele barulho repetitivo me atrapalhava. Assim, sem atrito e sem abuso de autoridade os celulares foram abolidos durante o horário de trabalho.

O que todos nós, funcionários mais velhos, esperávamos era que a produtividade dos dois aumentasse exponencialmente e nos primeiros dois ou três dias foi exatamente isso que aconteceu. Mas (pois é, essa história tinha que ter um “mas”) para nossa surpresa depois desse curto período os estagiários começaram a ficar mais dispersos, depois veio o tédio e ao final de 15 dias estavam completamente desmotivados.

Smartphone ajuda na produtividade

O motivo do desânimo era óbvio: a abstinência dos celulares. Era hora de eu sair da minha zona de conforto e pensar numa outra solução. Uma pesquisa rápida no Google me trouxe uma enxurrada de artigos sobre as diferentes características dos profissionais de diferentes gerações. Não encontrei nada sobre profissionais tão novos quanto os que eu estava lidando, mas eu formulei uma teoria: eles não conseguem se concentrar em uma coisa só.

Eles já nasceram num mundo em que a internet é muito próxima, faz parte do cotidiano de todo mundo, a informação chega pra eles num ritmo diferente. Estão acostumados a jogar no computador, assistir televisão e ouvir música. Tudo ao mesmo tempo.

Diante de toda essa reflexão eu tomei a única atitude que me restou. Voltei atrás e pedi que eles voltassem a usar os celulares. Como num passe de mágica as coisas voltaram ao normal. Não vou dizer que nunca tive que puxar nenhuma orelha. Por vezes eles se envolvem demais nas mensagens trocadas com os amigos ou nas novidades super convidativas do facebook. Mas estágio é pra isso mesmo. Pra aprender a lidar com o ambiente de trabalho e pra descobrir qual o seu jeito de trabalhar. E eu? Eu ainda me irrito com o “clac clac clac”, mas estou me esforçando pra conviver bem com ele.

Janaína Scaramel

18/04/12

Adoção: Um relato do leitor @magnorox

> Autor: Jorge Freire > Categoria: Autor Convidado

A principal razão do meu blog é fazer uma agenda da evolução do meu Padawan! Tenho inclusive uma categoria só para isso aqui no blog: Padawan’s Path. E o hoje tive uma linda surpresa com o e-mail de um leitor, o @magnorox, sobre como o carinho que tenho com o meu filho ajudou a influenciar a família dele a tomar uma decisão de amor: adotar uma criança. Nem tem como não se emocionar com o seu texto e história!

Nerd Pai

 

Adoção Um relato de um leitor

Bom dia AJ.

Como te falei, vou fazer um pequeno relato, pra tu poder entender o quão importante foi para mim decidir adotar.

Sou casado há 7 anos. Desde que começamos nossa vida a dois, tinha em mente que não iria querer filhos. Motivo principal, creio eu, olhando hoje pro passado, é por que sou uma criança grande. Minha esposa, por ser 20 anos mais velha, nunca se pronunciou muito sobre o assunto, e acabamos levando isso numa boa.

Mas, em outubro de 2007, minha esposa engravidou. Posso te dizer que, quando foi confirmada a gravidez, foi o dia mais feliz da minha vida! Nessa época nós dois trabalhávamos em lojas do shopping em Curitiba. Eu trabalhava na filial da PBKids e ela numa loja de roupas femininas. Com o final do ano chegando, veio aquele stress de quem trabalha em shopping (teve dia d’eu chegar as 07:00 da manhã e ir pra casa as 02:00), e ela, acho que por ver eu me matando pra poder ter uma grana a mais no final do ano, também exagerou na carga horária (mas não tanto quanto eu).

Sei que no dia 28/01/2008 eu tava trabalhando (na PBKids Baby tem uma área destinada a recém nascidos) e vendo algumas coisas para minha filha (já sabiamos o sexo), e já separando algumas coisinhas pra comprar, quando recebo uma ligação da minha esposa, chorando e pedindo desculpas. Infelizmente ela tinha feito um aborto espontâneo. Esse foi o dia mais triste da minha vida! (lágrimas nos olhos) Não vou mentir, até hoje não superei isso. Quando vejo filmes mostrando essa relação pai/filha, ainda me bate um aperto no peito. Enfim, sei que ela não tem culpa nisso, foi algo que aconteceu.

Eu vivi todo processo pós-aborto. Eu vi como minha esposa ficou e os danos que esse aborto a causaram  (tantos os danos psicológicos, quanto os danos físicos). Após isso, conversamos bastante e, grande parte dessa decisão é minha culpa, por que em certos assuntos sou irredutível, decidimos que iríamos ficar como estávamos: sem filhos.

Sei que o tempo passou, e em 2010, voltei pra Fortaleza (eu sou daqui e ela de SP). Foi uma mudança muito boa pra nós dois. Até mesmo no referente a saúde.

O tempo passou e eu vi muitos amigos e amigas, do tempo de colégio, com seus filhos . Não vou mentir,  isso causou uma certa inveja, mas aquela inveja positiva, uma vontade de me juntar a esse “grupo”. Após assistir a alguns programas, que tratam do tema, algumas de minhas séries favoritas também abordando o tema, e ver alguns blogs (o teu incluso), mostrando tanto adoção quanto a paternidade, conversei com minha esposa e decidimos que vamos adotar. Mas como te disse, decidimos, ainda não o fizemos.

Estamos com a decisão tomada e estamos nos estruturando pra isso. Como moramos de aluguel estamos procurando uma casa pra comprar. Infelizmente não queremos uma criança daqui de Fortaleza, pra nao acontecer de bater um arrependimento da mãe querer a criança de volta. Mas vamos fazer tudo dentro da lei, com advogado, juíz e tudo.

Bem, por enquanto é isso. Espero que vc goste da minha, pequena e ainda sem fim, história de vida sobre a minha busca pela paternidade. Um forte abraço e sucesso.

Pra terminar,  recebo muito essa pergunta: Por que vocês não continuam tentando? A resposta é simples. Eu to com 28 anos, mas minha esposa tá com 48. Infelizmente eu sei que uma gravidez pra ela é um risco muito grande, e sinceramente, não quero matar niguém por conta de um desejo meu. —

@magnorox

19/09/11

Liberdade de expressão e racismo: algumas ponderações – by @madeiradez

> Autor: Professor Madeira > Categoria: Autor Convidado

Na noite de 11.05.11 acontecia mais um jogo eliminatório da copa do Brasil entre Ceará e Flamengo. O jogo terminou em empate o que gerou a eliminação do Flamengo daquele campeonato. Tudo teria terminado aí ou, no máximo, no dia seguinte com piadas dos torcedores dos times rivais.

No entanto, uma torcedora do Flamengo postou comentários infelizes no twitter, comentários sobre como os nordestinos seriam uma raça “feia e sem moral”. Postado o comentário, a autora da frase foi dormir sem imaginar a repercussão de seus comentários.

Naquela mesma noite eu estava em meu twitter (@madeiradez) e comecei a receber mensagens de alunos me encaminhando para o twitter da garota e suas infelizes frases sobre o nordeste.

O restante da história é relativamente conhecido, no dia seguinte a garota acorda e vê o tamanho da repercussão de seus atos. Acaba postando um pedido de desculpas e diz que irá se retirar da rede por um bom tempo.

E é justamente sobre o caso da twiteira racista minha reflexão aqui no blog do @nerdpai.

racismo professor madeira

Em primeiro lugar é preciso que se saiba uma distinção: uma coisa é o crime de racismo (muito grave segundo nossa Constituição) e outra o crime de injúria racial (não tão grave segundo nosso Código Penal).

A diferença entre ambos está na extensão da ofensa. Vejamos um exemplo claro: eu sou originário de uma cidade do interior de São Paulo chamada Bebedouro. Se você diz: todos os bebedourenses são sujos e deveriam morrer, comete o crime de racismo. Se você diz: O Madeira é um bebedourense sujo e deve morrer, você comete o crime de injúria racial.

O primeiro é mais grave do que o segundo e você possivelmente irá para a cadeira por ele. O segundo não é tão grave, mas também pode gerar pena de prisão.

Seja um, seja o outro, haverá muito trabalho para você que não é do direito: contratação de advogado, comparecimento ao fórum e, o que talvez seja o pior, exposição nacional de sua imagem associada a coisas bem ruins.

No entanto, nem tudo é tão simples assim: temos a liberdade de expressão que é assegurada constitucionalmente. A turma do politicamente correto não é muito amiga da liberdade de expressão. Ela assegura o direito de expor sua opinião e, por vezes, estas opiniões acabam esbarrando nos sentimentos das outras pessoas.

Como fazer, então, para que o humor não seja assassinado, para que não viremos zumbis correndo pelas ruas e gritando “brains” sem que isso represente estímulo ao racismo, sem que isso abra as portas para ações criminais e cíveis.

Sinceramente, a resposta não é fácil. Mas acho que vale a pena a leitura das últimas frases da twiteira racista no twitter e um pensamento: vc gostaria de ter que escrever estas frases? Pense nisso em seu próximo texto ou twitte na internet. A frase: “Meu Deus gente, agi por impulso por causa do Flamengo, não tenho nada contra nordestinos… desculpa aí galera. JAMAIS DEVERIA TER FEITO ISSO”; “… agora vou assumir as conseqüências. ): ” ; “vou sumir daqui por um bom tempo”.

Guilherme Madeira Dezem é juiz de direito em São Paulo e acredita piamente que um dia conseguirá mover os objetos com o poder da força – @madeiradez – http://professormadeira.com/

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