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Conheça o Manuscrito Voynich, o livro que ninguém consegue ler

Há uma coisa em comum em todo caso de um achado arqueológico forjado: ou ele foi criado para se conseguir dinheiro, ou notoriedade. Mas como classificar uma obra que não pretendia nem uma coisa nem outra?

Em 1912 um colecionador de relíquias chamado Wilfrid Voynich adquiriu um tomo que literalmente tem feito criptologistas, cientistas, matemáticos, programadores, curadores e entusiastas arrancarem os cabelos há 100 anos: o livro, que recebeu o nome de manuscrito Voynich, foi escrito numa língua que, sob todos os aspectos, jamais existiu.

O mistério já começa em como o manuscrito chegou a conhecimento da sociedade científica atual: segundo Voynich, ele o havia comprado “em um castelo austríaco”, porém uma carta endereçada a sua esposa que só foi aberta após sua morte, em 1960, revelou que ele o comprou de um colégio jesuíta em Villa Mondragone, uma cidade na região da Toscana; os padres precisavam de dinheiro e ele comprou 30 livros, entre eles o manuscrito.

A primeira vista o livro foi escrito numa língua desconhecida, talvez muito antiga, mas é muito mais do que isso: nenhuma, absolutamente NENHUMA linguagem conhecida pelo homem que existe ou existiu se assemelha à escrita no livro. Como se não bastasse, as figuras de plantas não condizem com nenhuma espécie conhecida, a não ser uma (falarei dela adiante).

O livro é relativamente pequeno: 16 cm de largura, 22 de altura e 4 de espessura. Escrito em pergaminho de vitelo, ele possui 122 folhas, num total de 204 páginas, com algumas faltando. O texto foi escrito da esquerda para a direita sem pontuação, com considerável fluência e alguns caracteres se repetem pouco. Como o texto não foi traduzido, seu conteúdo foi deduzido pelas ilustrações. Ele seria um compêndio com cinco seções identificadas:

Desde sua descoberta o livro foi submetido a uma série de testes, e foi avaliado pelos mais famosos criptologistas da Segunda Guerra Mundial, gênios que conseguiram quebrar códigos intrincados do Eixo.

Nenhum deles conseguiu traduzir nem uma mísera palavra.

As dúvidas giram em torno do propósito de por quê tal livro foi criado, se ele de fato é uma fraude bem elaborada. Voynich acreditava que ele fora escrito por Roger Bacon, um dos maiores estudiosos da Baixa Idade Média. O livro veio acompanhado de uma carta datada de 19 de agosto de 1665 do reitor da Universidade de Praga Johannes Marcus Marci, endereçada ao jesuíta e polígrafo Athanasius Kircher, solicitando que o decifrasse.

A carta dizia que o tomo foi passado a Marci por um amigo (identificado como sendo o alquimista Georg Baresch), dizendo que o livro pertencia originalmente ao Sacro Imperador Romano Rodolfo II. Ele teria pago caro pelo livro, acreditando que havia sido escrito por Bacon.

Voynich acreditava que o livro, por essa evidencia, seria datado do século XIII, mas o teste do Carbono-14 o datou, com 95% de precisão, como escrito no século XV, entre 1404 e 1438. Roger Bacon já estava morto já mais de 100 anos quando o livro foi escrito. Entretanto, há uma figura de uma planta que se assemelha muito a um girassol, que só passou a existir na Europa após o Descobrimento da América, o que dataria o livro como posterior a 1492.

Descartado ser uma farsa moderna, debate-se se é uma farsa antiga: alguns pesquisadores acreditam que a linguagem segue um sistema de transcrição de ruídos naturais em sílabas, o que explicaria a repetição dos glifos. Mas todos concordam numa coisa: o texto do manuscrito é estranho demais para ser um hoax, mas elaborado demais para ser uma fraude.

No fim, permanecem as perguntas:

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