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O filme do Minecraft é ruim… e tudo bem!

O filme do Minecraft é ruim? Sim. Mas as crianças amam. Entenda por que isso importa e o que pais podem aprender com isso.

Acabei de sair do cinema depois de assistir ao filme do Minecraft com a Bu e o Padawan.

E preciso começar esse texto com uma sinceridade brutal: foi o pior filme que eu já vi na minha vida.

Não estou exagerando. Estou colocando lado a lado com Dragonball Evolution, Super Mario Bros de 1993 e aquele Quarteto Fantástico que a gente finge que nunca aconteceu. E mesmo assim, Minecraft – O Filme consegue cavar um buraco mais fundo. E olha que cavar buraco é a essência do jogo, então talvez seja até um aceno artístico? Provavelmente não.

Não tem enredo.
Não tem profundidade.
Os diálogos parecem ter sido escritos por um zumbi do jogo depois de levar uma flechada na cabeça.
E os atores? Um pior que o outro. Tive momentos de vergonha alheia e vontade de sair da sala, mas segurei firme. Porque é isso que pais fazem, né?

Mas aí vem o plot twist: a Bu e o Padawan AMARAM o filme.

E não só eles. Todas as crianças que estavam na sala estavam vidradas. Algumas riram alto, outras ficaram boquiabertas com cada referência, cada explosão pixelada, cada cena bobinha que, na cabeça delas, era pura magia.

Teve uma criança que aplaudiu. Aplaudiu de verdade. Eu olhei pra ela como quem vê alguém batendo palmas depois de escutar um despertador.

A real é que o problema não é o filme.
O problema sou eu.

Eu fui esperando algo que o filme nunca prometeu entregar. Fui com a expectativa de adulto ranzinza, que acha que toda obra de cultura pop precisa ter um subtexto profundo, um arco de redenção, um vilão carismático, dilemas morais e aquela pitada de fan service sutil. Basicamente, fui esperando um Batman do Nolan e recebi um tutorial em vídeo feito por um slime.

Mas isso revela uma coisa importante que a gente, como pais, muitas vezes esquece: nem tudo é feito pra gente. E tudo bem.

O filme Minecraft é isso mesmo. Um amontoado de referências visuais do jogo, com uma história rasa e atuações questionáveis. Mas também é uma explosão de estímulo visual e de humor fácil, simples e direto. Do jeitinho que uma criança de 6 a 12 anos adora. Do jeitinho que funciona com quem está vivendo intensamente esse universo.

E quer saber? Eles merecem.

Eles merecem ter filmes feitos pra eles, com a linguagem deles, com o ritmo e a estética que fazem sentido pro cérebro deles. A gente não precisa entender ou gostar. Precisa, no máximo, respeitar. E, de vez em quando, sentar do lado, comer uma pipoca e tentar ver o mundo com os olhos deles.

Isso não significa que a gente não pode reclamar. Aliás, pra falar mal de algo, tem que ter propriedade. Eu fui, eu vi, eu sofri. Então tenho carma positivo pra uns dois milênios. Dá pra tacar fogo em uns dez filhotes de panda e ainda manter minha alma limpa.

Mas no fim das contas, o que ficou foi isso: eles se divertiram. Eles sorriram. Eles me agradeceram por ter os levado.

E eu… bom, eu ganhei mais um momento que, daqui a alguns anos, vai virar história. Talvez um post nostálgico. Talvez uma memória daquelas que eles contam pros amigos com um sorriso. E é por essas que vale a pena.

A gente precisa mesmo que tudo seja feito pra gente o tempo todo? Ou será que o verdadeiro desafio é justamente sair um pouco da bolha e entrar no mundo dos filhos de vez em quando?

No final das contas, Minecraft – O Filme serviu pra me lembrar que paternidade presente é isso: estar junto, mesmo quando o filme é ruim. E rir disso depois.

O filme já está disponível na Hbo Max. E já confirmaram que terá o 2º filme…

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