Alguns filmes e animações possuem tantas camadas que é necessário vê-los mais de uma vez para conseguirmos chegar em seu núcleo. Ao acabar de assistir Sing – Quem Canta Seus Males Espanta percebi na hora que essa animação é assim.
Não é só pela música – que é viva e constante em toda a animação – que Sing me cativou. Existem ali várias camadas criadas por situações e pelos personagens que instantaneamente nos identificamos.
E Sing bate ainda mais forte quando você é pai.
Buster Moon é um coala que se apaixonou pelo showbusiness quando era uma criança. Seu pai, já falecido, se esforçou muito e conseguiu comprar um teatro para ele. Porém, o cola nunca conseguiu emplacar um show rentável e está prestes a decretar falência. Como última esperança, ele cria um concurso musical para alavancar seu teatro.
Aqui é clara a referência aos populares reality shows musicais que temos hoje em dia. Ao criar um show de calouros, temos a possibilidade de assistir a várias apresentações divertidíssimas. Sing nos apresenta uma seleção de calouros com tanta qualidade que mesmo sabendo quais personagens passariam para a 2ª fase, confesso que tinha esperança que teríamos mais uns dois, de tanto que gostei de suas apresentações.
Fora que você fica cantando as músicas o tempo todo com um belo sorriso no rosto.
A trilha sonora de Sing é uma camada poderosa, pois são músicas que todos conhecemos e também é uma ótima oportunidade para apresentarmos novas canções aos nossos Padawans. Tem Frank Sinatra, Katty Perry, Leonard Cohen, Lady Gaga, Eminem, Seal, Taylor Swift e muito mais. No total temos mais de 65 canções.
Algo que gostei demais é que as músicas não são dubladas. Mesmo tendo uma dublagem de qualidade (mesmo!) que contou com a Sandy (Meena), Wanessa Camargo (Ash), Fiuk (Johnny), Mariana Ximenes (Rosita) e Marcelo Serrado (Gunter), optaram em manter as versões em inglês. Ponto para quem decidiu fazer isso, pois ao dublar uma música – ainda mais conhecidas – perdemos um pouco a magia dela.
Uma outra camada de Sing – Quem Canta Seus Males Espanta é a dos personagens.
Sing apresenta seus principais personagens logo no começo e a forma que eles fazem isso é sensacional. Em uma voo musical pela cidade, somos apresentados aos personagens e conhecemos a Rosita, uma porca que é mãe de mais de 20 porquinhos e é uma atarefada dona de casa; Ash, uma porca-espinha, que tem o punk-rock em suas veias, mas vive um namoro conturbado; Meena é uma elefante que mora com sua mãe e avós e apesar de ter um talento único, é muito tímida e morre de medo de palco. Johnny um gorila talentoso que sonha em ser cantor, mas sua família é criminosa e quer que ele siga os passos do pai; Mike um ratinho que tem uma voz inversamente proporcional ao seu tamanho, porém é prepotente e muito arrogante e o Gunter um porco que é o alívio cômico dessa turma e tem uma confiança do tamanho do mundo.
Ao apresentar todos os personagens, percebemos que por mais diferentes que são, eles tem algo em comum e é isso que move Sing para outro patamar. Temos empatia por eles pois nos identificamos muitas vezes com suas vidas. Por mais distante que eles possam estar da nossa realidade, sentimos a frustração e a dor deles, bem como percebemos que nunca devemos desistir dos nossos sonhos.
E aqui entra mais uma outra camada: a superação e resiliência.
Buster Moon diz várias vezes nos filmes a seguinte fala:
“Quando se chega ao fundo do poço, o único lugar que se pode ir é para cima”
Meu Padawan muitas vezes acaba desistindo de fazer algo. Ele tenta uma, duas, três vezes e acaba desistindo e ficam no fundo do poço. Sempre o incentivo a continuar tentando, pois essa é a chave do sucesso. Não podemos desistir NUNCA dos nossos sonhos e precisamos sempre insistir.
A queda faz parte e é com ela que aprendemos.
Sing tem essa mensagem e acredito que ela é o seu núcleo. Por mais clichê que essa frase possa parecer, ela é um instrumento poderoso para que as crianças NUNCA desistam de nada e principalmente dos seus sonhos. Elas irão conhecer o fundo do poço várias vezes na vida, e se tiverem resiliência irão superar sempre qualquer problema.
Sing – Quem Canta Seus Males Espanta é uma animação perfeita para a família por causa dessas camadas. É um filme que você irá rir muito e se emocionar, não só com as lindas interpretações de hits de sucesso, como
também da história de superação de todos os personagens.
E se você for ainda um pai , se prepare. O que os pais do Buster e do Johnny fazem é de deixar qualquer marmanjo com os olhos cheios de água.
Com música de qualidade, personagens vivos e uma mensagem poderosa, Sing – Quem Canta Seus Males Espanta foi para mim uma das melhores animações do ano. Uma bela surpresa que me fez querer assistir mais de uma vez e, claro, querer levar minha família para assistir.
A animação já está em cartaz nos cinemas. Aproveite o Natal e leve sua família e feche esse ano com esse presente lindo que é Sing!
Confira o trailer e aproveito para desejar um Feliz Natal e um lindo 2017 para todos:
