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20/02/13

O que aconteceu com a música clássica nos desenhos animados?

> Autor: Ronaldo Gogoni > Categoria: Desenho Animado, Música

Hoje em dia eu quase não assisto mais TV. Não tenho mais aquele ritual de me sentar na sala e ligar o aparelho, por esse motivo sequer tenho TV por assinatura, seria desperdício de dinheiro. Mas esses dias parei para assistir alguns desenhos infantis recentes. E todos, sem exceção, eram pontuados por músicas agitadas. Foi então que eu percebi que,  dos cartoons que acompanhava na infância, quase todos tinham música clássica em suas trilhas, isso quando não haviam episódios com recitais e óperas.

PERNALONGA - LEOPOLDO
Leopoldo!

Eu fui basicamente apresentado à música clássica pelos desenhos, como tantos outros da minha geração. Não que as animações de hoje não sejam boas (Hora de Aventura é tão lisérgico quanto sensacional), mas eu fico com a estranha sensação de que algo está faltando. O Nerd Pai já mencionou isso anteriormente, e reforço sua opinião: se os pais não escutam música clássica hoje, os Jovens Padawans não terão a oportunidade de conhecer esse gênero tão rico. Fora que a música é de tal forma introduzida que se torna intrínseca à ação do desenho.

Pulando os episódios de Tom & Jerry da Hanna-Barbera produzidos durante os anos 40, que eram totalmente orquestrados, vamos relembrar alguns desenhos que entraram para a história, todos com execuções de obras de grandes mestres da música clássica:

“What’s Opera, Doc?” (1957)

Dirigido pelo mago Chuck Jones, o episódio mostra Pernalonga infernizando a vida do Hortelino como sempre, ao som de várias das óperas de Richard Wagner, em especial do chamado “Ciclo do Anel”: as quatro que compõem a epopéia “Der Ring des Nibelungen”. Há tambem trechos de outra ópera de Wagner, “Tannhäuser”. Apenas foi eleito pela crítica o melhor desenho animado de todos os tempos.

“Long-Haired Hare” (1949)

Outro do Pernalonga, outro de Chuck Jones. O coelho resolve se vingar do barítono Giovanni Jones (trocadilho com o nome do diretor) por ter interrompido sua cantoria. O fato dele próprio estar atrapalhando os ensaios de Jones é irrelevante. 🙂 Nesse episódio são executadas as obras “Largo al factotum” da ópera de Rossini “O Barbeiro de Sevilha”; a ária “Chi Mi Frena In Tal Momento” de “Lucia di Lammermoor”, de Gaetano Donizetti; o segundo tema do prelúdio do 3º ato de “Lohengrin” de Wagner, a abertura de “Die schöne Galathee” de Franz von Suppé, além das canções que o coelho toca no início da história. O ponto alto do episódio é quando Pernalonga se disfarça do grande maestro Leopold Stokowski, imitando inclusive seu costume de reger a orquestra sem batuta. O trecho inicial em que Jones espanca o Pernalonga de várias maneiras (além da sequência em que ele se traveste e pede um autógrafo com uma caneta de TNT) foi cortado em exibições atuais, tirando o sentido do desenho em si.

“Tom & Jerry in the Hollywood Bowl” (1950)

Esse é da dupla Hanna-Barbera. Tom é um maestro que está conduzindo a abertura da ópera “Die Fledermaus” de Johann Strauss II (houveram três Johann Strauss, pai, filho e neto, mas o terceiro é sobrinho do segundo; Strauss II é o mais conhecido, o chamado “Rei da Valsa” que compôs Danúbio Azul). Jerry tenta tomar parte na apresentação e como é constantemente sabotado por Tom, resolve “tocar” (hehe) o terror.

“Carmen Get It!” (1962)

Outro de Tom & Jerry, dessa vez dirigido por Gene Deitch. Tom persegue Jerry até o Metropolitan Opera House, mas é barrado pelo segurança. Ele então se disfarça de músico e se enfia na orquestra, inicialmente tentando atrair Jerry com um violino automático (com essência de queijo) até novamente bancar o maestro, dessa vez regendo a ópera “Carmen” de Bizet. A sequência em que Jerry controla formigas para formarem as notas na partitura (para desespero de Tom) é espetacular.

“The Barber of Seville” (1944)

Esse clássico do Pica-Pau foi dirigido por James Culhane. Nosso amigo vai até a barbearia de Tony Figaro, porém o mesmo não se encontra (estava servindo na 2ª Guerra). Pica-Pau resolve então assumir o comando do local, ou seja, sai de baixo! O arco principal se dá quando um operário pede uma “limpeza geral”, daí ele encarna seu lado “pirado” e começa a torturar o pobre cliente enquanto canta a “Largo al factotum” de Rossini.

“Musical Miniatures – Musical Moments from Chopin” (1947)

Dirigido por Dick Lundy. Miniaturas Musicais foi uma série de seis episódios onde os personagens de Walter Lantz executavam obras clássicas. Este episódio é, na minha modesta opinião, o melhor de todos os listados neste post, e ironicamente o único que não apresenta uma ópera, mas peças de um dos maiores compositores da história: Frédéric Chopin. Andy Panda está executando um recital para os animais da fazenda, até que o Pica-Pau resolve fazer parte do musical. A coisa degringola quando um cavalo bêbado toca fogo no celeiro. Dentre as obras, uma das melhores é a que abre o desenho, a Opus 40 No. 1: Polonesa em La maior “Militar”, executada a quatro mãos por Pica-Pau e Andy Panda, fazendo referência ao filme de 1945 “A Song to Remember”, onde Chopin toca esta Opus em parceria com outro gênio da música, o então jovem Franz Listz. Aliás, o desenho inteiro foi inspirado nesse filme, conhecido por aqui com o nome de “À Noite Sonhamos”.

Deixei vários de fora, mas se lembrarem de mais algum, deixem aí nos comentários. 🙂

07/06/11

Rapsódia húngara e desenho animado

> Autor: Jorge Freire > Categoria: Educação, Opinião

Meus pais não escutavam Música Clássica. Acabei gostando mais tarde e hoje escuto no trabalho ou no carro.

Ouvindo uma reportagem da CBN SP sobre música, parei para pensar onde que eu aprendi a gostar de Música Clássica. A resposta veio na hora: nos desenhos animados.

Incrível que nos desenhos do Pica-Pau, Pernalonga e do Tom e Jerry tocavam música clássica em quase todos episódios. Onde vemos isso hoje nos desenhos e programas infantis? Temos músicas populares e agitadas, como no Hi-Five. Ou músicas de cantiga de rodas, como na Galinha Pintadinha. Mas música clássica? Não vejo. Ou melhor, não escuto!

Rapsódia Húngura
Rapsódia Húngura

Se os pais não tem costume de escutar música classica, a geração de hoje NÃO terá oportunidade de conhecer esse estilo musical! E, o mais triste, é que em um futuro próximo esse estilo musical entre em decadência.

Padawan irá assistir desenhos antigos. Irei atrás AGORA de comprar DVDs desses desenhos!

E, para vocês lembrarem, fiquem com 03 desenhos onde toca uma das músicas clássicas mais famosas nos desenhos animados: Rapsódia Húngara Nº 2: