Algo que aprendi desde cedo é que não devemos tirar fotos de pinturas com flash para não deteriorar os pigmentos dos quadros. E, claro, eu sempre respeitei.

Estava em Nova Iorque e fui ao The Metropolitan Museum of Art. Em uma das alas estava tendo uma exposição de um dos pintores que eu mais curto, Van Gogh (juro que não é por causa do Doctor Who). Pois bem, tirei algumas fotos e tal das pinturas e vi um caboclo tirando foto com o flash. Cinco segundos e meio depois da primeira foto um segurança chegou e pediu para ele não usar o flash. O cara pediu desculpas e não repetiu mais aquele ato medonho.

Chegando no Brasil fui pesquisar as razões mais técnicas da razão que  flash danifica as pinturas. Pesquisei em vários sites e a conclusão foi que não passa de um costume antigo e que  o flash não danifica as pinturas.

madame charpentier and her children
Madame Charpentier and her children

A Galeria Nacional, de Londres, em 1995, realizou um experimento para provar que o flash deteriora pinturas. Foram usados dois poderosos flashes eletrônicos. Em um deles foi retirado o filtro UV para que tenha o máximo de UV na saída. Usaram 03 telas iguais para o experimento e ambos os flashes ficaram a 91 cm de uma tela toda pintada e de várias cores. A tela que sobrou ficou sob a iluminação padrão do museu para que os pesquisadores possam comparar depois com as outras duas telas.

van gogh auto retrato

Durante alguns meses os flashes foram disparados a cada 07 segundos, gerando mais de 01 milhão de flashes.

O resultado:

  • Flash sem filtro UV: sutil, mas visível desbotamento de algumas amostras;
  • Flash com filtro: Sem alterações visíveis, mas um densitômetro conseguiu encontrar algumas mudanças;
  • Iluminação do museu: As mesmas características da tela que foi submetida ao flash com filtro.

Ou seja Jovens Padawans, o flash da sua câmera fotográfica NÃO irá danificar as pinturas. Porém a Galeria Nacional, que realizou o experimento, atestou que conseguiram demonstrar que o flash prejudica as pinturas.

O fotógrafo Martin H. Evans falou sobre esse experimento:

“Na maioria dos pigmentos não houve mais mudanças do flash com UV filtrado do que nos das luzes da galeria (o parâmetro). Quando não havia o filtro UV, a alteração foi cerca de 10~15% maior do que a quantidade equivalente da luz da galeria.
 
Na prática, quase todas as câmeras com flash embutido… incorporam… filtros que removem a maior parte das ondas UV que os conservadores tanto temem.”
 
“Curadores, jornalistas, amantes das artes e diretores de museus têm dito isso (que o flash danifica a arte) uns aos outros por anos e muitos visitantes de galerias concordam. E o curioso é que proibem fotografias de coisas como relíquias faraônicas egípcias que foram expostas a raios UV intensos do Sol do deserto por mais de três mil anos.”

 
E qual a razão então que os museus mantém essa crença? Segurança.

Ao parar para tirar uma foto, uma pessoa mal intencionada pode querer aprontar algo. Se o museu consegue manter as pessoas em movimento o tempo todo, as chances de terem um maluco estragando uma obra diminui.

Enfim, eu vou continuar tirando fotos de quadros, telas e obras de arte sem o flash. Mesmo sendo uma lenda que o flash estraga as telas, prefiro não arriscar.

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