As crianças adoram subir em tudo que é coisa alto, correrem feito uns malucos, andar de bicicleta como se não existe o amanhã. Quando são novinhos demais para fazerem isso, gostam de subir em cadeiras e afins. Quando ficam um pouco mais velhos, brincam com fogo.

Embora os pais apavorados possam ter dificuldade em aceitar esse tipo de brincadeira, nada disso é ruim. A brincadeira arriscada ajuda as crianças a desenvolverem habilidades físicas essenciais enquanto reduzem os medos. Em muitas formas, não é apenas apropriado para o desenvolvimento, mas também, de acordo com os pesquisadores, uma maneira crítica de as crianças aprenderem a ser resilientes.

“Podemos observar um aumento do neuroticismo ou da psicopatologia na sociedade se as crianças forem impedidas de participar de brincadeiras arriscadas adequadas“, escreveu Ellen Sandseter, especialista em jogos da Faculdade de Educação Infantil Queen Maud University, em Trondheim, na Noruega, em seu recente livro Evolutionary Psychology.

De acordo com Sandseter e um grande corpo ou pesquisa de desenvolvimento e evolução, o medo não é algo que as crianças desenvolvem como resultado de ver coisas assustadoras. O medo vem de crescer e tornar-se consciente do perigo em geral. O que impede as crianças de desenvolver medos incapacitantes é aprender desde cedo que alguns riscos podem ser emocionantes e divertidos – mesmo que esses riscos apavorem seus pais e mães.

Sandseter afirma que existem seis categorias de brincadeiras arriscadas que acabam se mostrando saudáveis para as crianças. Vamos a elas?

Subindo muito alto

Crianças escalam árvores, equipamentos de playground e praticamente tudo! Crianças suburbanas, crianças criadas em culturas de caçadores, que os pesquisadores de ciências sociais usam como algo próximo a um grupo de controle, jovens primatas e até juvenis, participam do que os pesquisadores chamam de brincadeira locomotora.

Isso ajuda as crianças a desenvolverem qualidades como força e resistência muscular, bem como a capacidade de distinguir profundidade, forma, tamanho, movimento e outras habilidades de orientação espacial e perceptiva. Embora possa ser assustador para os pais assistirem, os dados indicam que as crianças são naturalmente boas em saber seus limites se tiverem permissão para testá-las um pouco. Problemas maiores surgem quando eles não conseguem aproveitar algumas dessas chances e não aprendem limites apropriados ou desenvolvem um medo de altura mais tarde na vida.

Correr Rápido

Correr, balançar e, geralmente, mover-se em velocidades rápidas é semelhante ao ato de escalar, pois ajuda as crianças a desenvolver a percepção perceptiva e a orientação espacial.

Play Hard

O “jogo duro” e desequilibrado ajuda as crianças a desenvolver força física, resistência e controle, mas não há efeitos antifóbicos claros. Esse tudo de brincadeira é importante, especialmente para os meninos, pois ensina a se relacionarem com seus pares e aprenderem sobre o status e a competição.

A brincadeira rude ensina tanto aos meninos quanto às meninas como administrar a agressão, o que é vital na vida adulta. Brincadeiras rudes são divertidas, mas essa diversão pode ser intensa rapidamente e as crianças podem ficar facilmente irritadas. Mas se eles não aprenderem a controlar o impulso e escalar para a luta real, as crianças descobrem rapidamente que a conseqüência disso é que elas não podem mais jogar. Se eles querem continuar se divertindo, eles têm que aprender a se acalmarem. Isso levanta uma questão importante: quanto seu chefe ficou maluco quando criança?

Exploração

Há poucas dúvidas de que as crianças adoram explorar e se perder, mas, de uma perspectiva evolucionista, há algum debate sobre se isso começou ou não como um jogo ou como um instinto que se encaixa na necessidade de coletar alimentos. Quando esse comportamento é exibido em outros mamíferos, afastar-se do ninho apresenta riscos reais, além de reduzir a ansiedade de separação mais tarde na vida. Como as crianças na sociedade moderna tendem a experimentar a separação de maneiras mais controladas, é razoável concluir que isso se tornou uma forma de brincar.

Investigando minuciosamente

Como todas as outras categorias de brincadeiras perigosas, os pais tendem a ver brincadeiras com facas, fósforos e cordas como “perigosos” quando as crianças simplesmente o vêem como uma diversão.

Brincar com ferramentas perigosas não pareceu tão perigoso até algumas gerações atrás, e por boas razões: os cientistas suspeitam que esta forma de jogo é adaptativa e pretende levar à aquisição de habilidades. Os meninos são mais propensos a usar objetos como ferramentas, enquanto as meninas usam mais objetos para organizar, o que pode refletir as diferenças de gênero das pressões para caçar versus coletar. Ainda assim, se você der um martelo para qualquer criança, eles descobrirão como pregar um prego.

Ser imprudente

Por que as crianças são tão imprudentes? Os pesquisadores não estão totalmente certos. Mas essa forma de jogo arriscado provavelmente representa o maior perigo, porque as crianças tendem a se distrair. No entanto, há boas notícias: Sandseter suspeita que as crianças estão melhorando a cada geração. Boa sorte deixá-los fazer isso de qualquer maneira.

via | Imagem via https://www.shutterstock.com