A leitora Janaína Scaramel passou por uma experiência em seu trabalho que mostra que o smartphone pode sim ajudar a produtividade. Achei tão interessante que a convidei para escrever esse post.
Nerd Pai
As discussões acerca do impacto da tecnologia nas nossas vidas, nas nossas relações sociais e nas gerações que estão por vir não são mais novidade. Embora um consenso ainda não tenha sido criado todo mundo tem uma opinião sobre o assunto. A minha opinião se formou, ou melhor, se modificou há mais ou menos um ano atrás quando a vida me colocou na mesma seção que dois estagiários adolescentes.
Eu, monotarefa de carteirinha que sou, não demorei a ficar enlouquecida com o “clac clac clac” produzido pelas teclas dos celulares que não desancavam um só minuto. A solução que encontrei foi conversar com eles, explicar de forma leve e descontraída o quanto aquele barulho repetitivo me atrapalhava. Assim, sem atrito e sem abuso de autoridade os celulares foram abolidos durante o horário de trabalho.
O que todos nós, funcionários mais velhos, esperávamos era que a produtividade dos dois aumentasse exponencialmente e nos primeiros dois ou três dias foi exatamente isso que aconteceu. Mas (pois é, essa história tinha que ter um “mas”) para nossa surpresa depois desse curto período os estagiários começaram a ficar mais dispersos, depois veio o tédio e ao final de 15 dias estavam completamente desmotivados.
O motivo do desânimo era óbvio: a abstinência dos celulares. Era hora de eu sair da minha zona de conforto e pensar numa outra solução. Uma pesquisa rápida no Google me trouxe uma enxurrada de artigos sobre as diferentes características dos profissionais de diferentes gerações. Não encontrei nada sobre profissionais tão novos quanto os que eu estava lidando, mas eu formulei uma teoria: eles não conseguem se concentrar em uma coisa só.
Eles já nasceram num mundo em que a internet é muito próxima, faz parte do cotidiano de todo mundo, a informação chega pra eles num ritmo diferente. Estão acostumados a jogar no computador, assistir televisão e ouvir música. Tudo ao mesmo tempo.
Diante de toda essa reflexão eu tomei a única atitude que me restou. Voltei atrás e pedi que eles voltassem a usar os celulares. Como num passe de mágica as coisas voltaram ao normal. Não vou dizer que nunca tive que puxar nenhuma orelha. Por vezes eles se envolvem demais nas mensagens trocadas com os amigos ou nas novidades super convidativas do facebook. Mas estágio é pra isso mesmo. Pra aprender a lidar com o ambiente de trabalho e pra descobrir qual o seu jeito de trabalhar. E eu? Eu ainda me irrito com o “clac clac clac”, mas estou me esforçando pra conviver bem com ele.