Dia 08 de março é comemorado mundialmente o Dia Internacional da Mulher. A ideia de criar o Dia da Mulher surgiu no final do século XIX e início do século XX nos Estados Unidos e na Europa, no contexto das lutas femininas por melhores condições de vida e trabalho, e pelo direito de voto.
De lá para cá, muitas coisas melhoraram. Muitas, mas ainda está longe de ser o ideal.
Um levantamento da Folha no ano passado mostrou que existem 135 estupros por dia no Brasil. Estudo da ONU diz que taxa de feminicídios no Brasil é quinta maior do mundo. Já o Globo soltou uma matéria que cresceu o número de mulheres vítimas de homicídio no Brasil. Foram 4.473 homicídios dolosos em 2017, um aumento de 6,5% em relação a 2016. Uma mulher é assassinada a cada duas horas no Brasil.
Mas é mulher que mata mulher, alguns podem dizer. Outros dizem que homens também são assassinados. Bem, essa linha de pensamento é normal pois fomos educados para sermos machistas e nem percebemos quando estamos sendo. Duvida? Analise as fotos que você recebe e compartilha em grupos de WhatsApp. Preste atenção nas conversas que temos em mesas de bares. Recebi ONTEM um GIF em um grupo (que saí na hora, claro!) onde 5 caras, pelados, batiam em UMA mulher. Empurrões, socos, puxões de cabelos. Algo totalmente repugnante que alguns acham graça! Acham que a mulher está ali para servir de escrava sexual e ser submissa ao seu macho.
É esse o mundo que você quer deixar para a SUA FILHA?
Ano passado compartilhei uma postagem do Dia das Mulheres da Clara Averbuck. Um texto que TODOS os PAIS deveriam ler todos os dias, principalmente aqueles que tem filhos homens. Ao educarmos nossos filhos a respeitarem as mulheres, quem sabe um dia realmente poderemos comemorar o Dia das Mulheres com a consciência limpa.
Agora eu quero falar com os homens.
É o seguinte: nós sabemos que vocês foram criados numa lógica machista que ensinou a diminuir as mulheres. Nós sabemos que foram ensinados a julgar nossos corpos, nossa conduta, nossos posicionamentos e nossas palavras. Nós sabemos de tudo isso.
Só que o mundo está mudando e vocês estão perdendo o bonde da história. Essa argumentação não cola mais a partir do momento em que começamos a falar e vocês se recusam a escutar. Quando vocês só entendem o horror da violência ao pensar que poderia ser sua filha, poderia ser sua mãe, poderia ser sua irmã. Poderia, cara, poderia, mas não é, é outra mulher. E todas as mulheres, pasmem, são seres humanos pensantes iguaizinhos a você, com as mesmas capacidades. Pessoas. Incrível, né? Mulher é gente.
Então, de vocês, sabe o que eu quero hoje? Que escutem. Que leiam. Que parem. Que pensem. Que falem com os outros homens. Que não tenham medo de FALAR ENTRE VOCÊS sobre os números absurdos de violência e desigualdade, que não tenham medo de chacota dos outros machos. Quer ser um aliado? Pois seja. Peite o erro. Peite o discurso cag*do. Compre a briga. Mas tem que comprar de verdade, de nada nos serve comprar o discurso e não aliar à prática.
Nós precisamos de vocês, sim. Precisamos que conversem uns com os outros e revejam os conceitos de masculinidade, de macheza, do que significa “ser homem”, da violência, da posse, da dominação que acaba em morte inclusive pra vocês.
Hoje é dia de ouvir as mulheres. Tenho certeza que vocês conseguem.
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