Quando comecei o blog lá em 2009, as únicas referências que eu tinha eram de blogs e perfis maternos. Não tinha praticamente nenhum pai nas redes sociais e com orgulho posso dizer que fui um dos primeiros a desbravar esses mares.
Uma coisa que notei ao ler os posts das mães eram as toneladas de julgamentos que elas recebiam. Fez parto normal? Era julgada. Cesárea? Julgada também. Deu um iogurte para a cria? Faziam petição online para ela perder a guarda. Postava uma foto se divertido? Enxurrada de mensagens perguntando com quem ela deixou o filho.
As pessoas amam julgar, né? Acredito muitas vezes que essa necessidade de julgamento alheio é complexo de inferioridade e algum mal secreto (estava louco para usar mal secreto em algum post rs). A pessoa PRECISA se sentir superior e pega um fragmento da vida da outra e joga ali todas as suas frustrações e, assim, se sente poderosa.
O tempo passou e hoje os pais estão bem ativos nas redes sociais. Muitos blogs, perfis no Instagram, páginas no Facebook e canais no Youtube. Tenho alguns bons amigos nesse meio e compartilhamos sempre nossos erros e acertos. Cheguei até a acreditar por um momento que entre os pais não existe julgamentos e cobranças com a mesma intensidade que existe com as mães. Até um dia que um amigo tirou print de uma postagem sobre mim:
Exatamente como as mães são julgadas, eu fui julgado. Não me ofendi (achei graça até) e fui confronta-lo, pois conheço o infeliz. Claro que ele negou que a indireta fosse para mim. Argumentei ainda que ali naquela PressTrip, e não Job, tinha 4 pais e apenas um usava pai no título e era eu.
Com aquela educação típica de pessoas como essa, soltou um fod*-se.
Aqui cabe um parêntese. PressTrip é quando somos convidados para passar um fim de semana em um hotel junto com a família. Em troca, fazemos postagens e escrevemos resenhas sobre o local. Geralmente nesses hotéis, nem ficamos muito com os nossos filhos pois eles ficam praticamente o tempo todo com os Tios e Tias da monitoria. Aliás, tenho uma categoria sobre vários hotéis que já conhecemos: Nerd Trek.
Voltando.
Não que eu ligue para a opinião desse caboclo, quero deixar claro. Dou mais valor para um pano de chão sujo do que para ele. Mas curti muito da forma que ele me julgou, pois encaixa perfeitamente no que disse no começo do post. Pegou um fragmento quando eu estava me divertindo longe dos meus filhos e me julgou. Me julgou sendo um p*ta paizão por estar…me…divertindo…longe…dos…meus…filhos.
Chega a ser patético, não?
A paternidade, como a maternidade, é no dia a dia. É quando não queremos acordar às 06h, todos os dias da semana, e acordamos com bom humor para levar nossos filhos à escola. É se privar de sair à noite com amigos para se divertir, ou até mesmo para um trabalho, pois sua família precisa de você. É passar a noite em claro por causa de uma febre na filha mais nova. É aguentar o choro quando a professora te chama para falar das péssimas notas do seu filho. É mudar os péssimos hábitos para darmos exemplos aos nossos filhos.
Paternidade e maternidade não se resume apenas aos momentos de lazer, das foto no Instagram ou postagens emocionantes para os rebentos nas redes sociais. Paternidade vai além disso e somente um pai ou mãe entende isso. Entende a luta diária que temos em educar, cuidar e amar nossos Padawans. Entende que a verdadeira vida não está entre um post e outro, e sim no meio deles. Entende que julgar fragmentos como um todo é mesquinho, baixo e repugnante.
Então pais e mães, deixo aqui meu recado. Não julgue os pais e mães por fragmentos. Não julgue aqueles pais que estão levando seus filhos ao McDonald’s, pois pode ser que eles estão ensinando uma lição ao filho (inclusive já levei o meu e fiz um post aqui). Não julgue aqueles pais por estarem nervosos com os seus filhos no Shopping, pois não sabemos o que ocorreu antes. Não julgue aqueles pais por errarem, pois só quem erra são aqueles que tentam acertar.
Vida loga e próspera aos verdadeiros pais e mães.
Desenhos via https://www.shutterstock.com