Quando chego em casa e pego agenda escolar do meu filho para ver algum bilhete ou recado, me causa estranheza o vocativo no início da sentença sempre ser “mamãe”, mas muitas vezes sou eu que leio esta agenda.

Será que estou atropelando algum protocolo de quem pode ou não ser presente na vida escolar da criança? Creio que não, é apenas uma das zonas de esquecimento, onde não se percebe que a função pode e deve ser exercida tanto pelo Pai quanto pela Mãe.

Não é nenhum mérito ao Pai que é mais presente numa simples agenda escolar, ou demérito a mãe que não assume tais funções. Isso é responsabilidade compartilhada, quem pegou o filho que faça essas honras e pronto. Mas também percebo que o uso de tais vocativos que direcionam a responsabilidade para um ou para o outro, atrapalham. Sei que não é nenhum tipo de plano maléfico para afastar os Papais do convívio de suas crias. Mas quando não há um cuidado mínimo para esses pequenos detalhes, há um direcionamento errôneo para uma representatividade errônea.

Representatividade, essa é uma palavra boa para esse texto, quando se vê um comercial de Tv com algum produto direcionado para o cuidado das crianças na grande maioria eles têm um enfoque mãe-criança. Logo não me representam em nada. É como se os pais não trocassem fraldas de seus filhos e não soubessem preparar um simples achocolatado.

Alguém ainda pode argumentar que os nesse momento do comercial os Pais estão no trabalho e as Mães que cuidam dos filhos. Mas isso é um pensamento arcaico e atrasado. Tanto na relação ser humano e trabalho, onde há um aumento de profissionais liberais e empreendedorismo e jornadas diversas de trabalho, tanto como se mulheres ainda só tivessem essa perspectiva  de serem cuidadoras do lar, e passando por último e o mais importante para esse texto “Quem disse que não damos banho nos nossos filhos? Que disse que não cuidamos deles e somos apenas provedores da comida que está na mesa?

Para finalizar esse texto (e não o assunto) reflitam sobre o cinema, séries e desenhos e quando há um pai tendo de ficar a sós com seus filhos, ou quando são pais separados. Os mesmos  não sabem cuidar dos seus, não sabem preparar nada nutritivo e ao mesmo tempo saboroso e muito menos conhecem seus próprios filhos.

Claro que o mundo não é um mar de rosas (ou será que é?). Mas tais estereótipos ajudam para que futuros pais  tenham medo dessa nova fase de vida, distorcem uma igualdade que homens e mulheres podem exercer na criação dos seus filhos e criam falácias que justificam por qual motivo numa agenda escolar não tem um bilhete direcionado para ambos os responsáveis.

Não sei se isso é um novo paradigma na criação das Futuras gerações, só sei que conheço muitos pais, que são presentes e que não enxergam essas tais divisões de funções, também não precisamos de estrelinhas como pessoas exemplares, só queremos nosso lugar, somos pais e estamos aqui pelos nossos filhos e nada mais.

Texto enviado pelo Tiago André Marques Malta – CRP 3856

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