Já conhecemos um mundo com Bruxos e Trouxas, onde esses últimos desconhecem a existência do outro. Mágica e mundo real não se misturam, mas a magia sempre está nos cercando e muitos vezes nos protegendo.
Doutor Estranho é isso. A Marvel nos apresenta um mundo novo, um mundo da magia e do misticismo e consegue entregar um filme redondo e muito bem amarrado com todo o universo criado para o cinema.
Doutor Stephen Strange é um neurocirurgião com um ego maior que o Hulk. Em um acidente de carro suas duas mãos são destruídas e a ciência não é capaz de recuperar os movimentos dela. Ou seja, o Doutor fica incapacitado de exercer a sua profissão.
Aqui fazemos um traçado entre o mundo dos Bruxos e dos Trouxas. Tony Stark usou a ciência para consertá-lo. Strange irá usar a magia. E isso fica claro em uma parte do filme, onde é dito que Os Vingadores cuidam dos inimigos do mundo real e os Magos Supremos das forças ocultas.
Bem, em uma busca desesperada de ter suas mãos operacionais novamente, ele vai para Catmandu atrás de uma dica que fez um paraplégico andar novamente. E o Dr Strange inicia sua jornada para a redenção ao perceber que o mundo é muito maior do que ele imagina.
O filme é absurdamente divertido. É verdade que tem muitas cenas de humor desnecessárias, mas a Marvel – e o público – curte isso e não chega a estragar o enredo. Doutor Strange é um história de origem onde constrói o herói. Porém fica claro ao acabar o filme que ele ainda está em treinamento. Não temos uma passagem de tempo e nada, mas a saída para que o Strange aprenda rápido encaixou perfeitamente no universo místico.
Benedict Cumberbatch está perfeito. Gosto muito desse ator. Ele faz o papel de Sherlock da excelente séria da BBC e conseguiu reproduzir em Doutor Strange aquela arrogância clássica do Detetive da Rua Baker, sem ser repetitivo. Já o vilão, bem, achei fraco. A motivação dele em se tornar um Mago é bem parecida com o do Doutor Strange, pois ambos perderam algo, mas acaba indo para o Lado Sombrio da Força ao descobrir alguns poderes imortais…. E essa semelhança faz com que a Anciã (Tilda Swinton) e o Mordo (Chiwetel Ejiofor) temam o que o Doutor Strange pode se tornar.
Algo que curti e me diverti muito foi com algumas sacadas do enredo, principalmente no final do filme. Sacadas essas que até são manjadas e já vimos em uma trilogia de sucesso, mas isso não importa. Doutor Strange é um filme coeso e essas sacadas acrescentarem muito à personalidade do personagem e por causa dela temos um belo gancho para o Doutor Estranho 2.
Tem cenas pós crédito? Sim, duas. Uma ligada à essa sacada e outra diretamente e explicitamente ligada ao Universo Marvel.
Assisti o filme em 3D. Sempre odiei esse formato, mas Doutor Estranho PRECISA ser visto assim, para para que possamos fazer uma viagem psicodélica ao som de rock progressivo dos anos 70, como Interstellar Overdrive do Pink Floyd.
Doutor Estranho estreia em todo o Brasil no dia 2 de novembro de 2016, Feriado de Finados. Foi sem querem essa data? Acredito que não, pois o filme trata-se em seu núcleo da experiência da morte como parte de estar vivo.