Os diretores, professores e pedagogos, pensando no bem dos alunos, avisaram aos pais que não vão permitir mais brincadeiras envolvendo monstros e super-heróis. Um Padawan indo com a fantasia do Batman? Proibido. E a do Homem de Ferro? Proibido também. E de Drácula que não brilha no escuro? Piorou!
Passei essa fase com o Padawan. Ele começou a ficar agressivo e bater nos seus coleguinhas achando que era o Hulk. Inclusive fiz um Vlog sobre isso aqui.
Conversando com o psiólogo clínico, Pablo de Assis, ele me explicou um pouco sobre essa agressividade dos Padawans:
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“Uma coisa que a gente aprende como psicólogo clínico é que o problema raramente (posso até dizer, nunca com certa segurança até) é aquilo que aparece. O problema aparente é o seu filho ser agressivo com os colegas e dizer ser um super-herói da Marvel. Alguns diriam que o problema é a agressividade, outros é ele achar que é um super-herói, e outros ainda diriam que o problema é ele escolher a Marvel ao invés da DC! Mas o problema não é nada disso, pois esses são só sintomas do problema: esses são só a forma como o problema se manifesta!
…outros ainda diriam que o problema é ele escolher a Marvel ao invés da DC!
Mas o que então pode estar acontecendo e não estarmos vendo? A primeira dica que temos é aquilo que ele está vivendo e está sendo visto como problema. Isso geralmente aponta para algo que não é vivido e precisa ser reconhecido, não só no sujeito mas nos outros que percebem o problema.
É claro que ninguém quer ver uma criança batendo no colega, mas uma coisa que a gente precisa aceitar é que a agressividade é própria do ser humano e não há nada que possamos fazer para mudar isso. Todos somos agressivos, quer de forma ativa ou passiva, ou até mesmo velada, contra nós mesmos… Mas o problema não é a agressividade , nem quando isso é caracterizado como bullying!
No seu caso, eu vejo que as pessoas esqueceram como viver a agressividade natural e não sabem como lidar com isso. Em tempos de politicamente correto, não é possível vivermos isso de forma alguma. E outra coisa que não podemos viver é a fantasia, algo que toda a criança vive e precisa viver e que os adultos esquecemos de fazer…
Seu filho estava fazendo isso, vivendo a fantasia! Todos nós temos esse pontecial, mas na criança, isso é real. Nos professores e pedagogos, isso acaba sendo inexistente, mas isso não impede que vivamos nossa fantasia”
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A agressividade é própria do ser humano e não há nada que possamos fazer para mudar isso
Ou seja, essa agressividade é natural, pois faz parte do ser humano, como a imaginação. Proibir isso é tentar acabar com a imaginação das crianças.
Uma amiga minha que é educadora completou ainda que essa atitude é para apenas minimizar a responsabilidade pra educar! Educar dá trabalho e os professores dessa escola querem facilitar a vida deles.
E como paramos essa agressividade, sem deixar que os Jovens Padawan sonhem? O Pablo de Assis responde:
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“Mas, pra criança, da mesma forma que ela precisa viver a fantasia, ela precisa viver a realidade que é imposta a ela pela sociedade. Dessa forma, o papel dos pais é essencial, para ajudar a educar quando e como fazer determinadas coisas. Todos sonhamos ser super-heróis, mas as crianças não têm medo de viver isso. A questão é aprender as convenções sociais, o respeito esperado e as normas de convívio para que essas fantasias sejam vividas sem problemas.
Perceba que o problema não está na fantasia, mas na sociedade que não a aceita. Por isso precisamos aprender a lidar com tudo isso da melhor forma possível…
A melhor forma de lidar com isso com uma criança é com sinceridade e carinho
A melhor forma de lidar com isso com uma criança é com sinceridade e carinho. Nada além disso. As crianças precisam passar tempo com os pais para criarem relações até conseguirem se relacionar sozinhos com o mundo. Mas essa relação não é quantitativa, mas sim qualitativa. Pode ser pouco tempo, mas de qualidade. Muito tempo de pouca qualidade é horrível. Com carinho e atenção, tudo se resolve. Assim, o filho se abre com o pai e se ele quiser ser agressivo, ele o será com o pai que, através de uma forma carinhosa pode mostrar através do exemplo como se faz e qual a diferença entre o filme e a realidade.
A criança aprende muito mais pelo exemplo do que pela fala. Conversas ajudam a esclarecer racionalmente as coisas, mas os exemplos são os verdadeiros professores. Um pai que, depois de um longo dia de trabalho, ainda consegue passar um tempo com o filho e ajuda a mãe em casa é mais Super-Herói do que aquele que é super-forte, super-ágil e super-distante. É claro que a sociedade mostra que o psicopata é melhor que o sincero, mas a vivência do carinho e da sinceridade com os pais supera qualquer ação social. Uma criança só vai se deixar levar pelos outros quando ela não tem uma base de valores firme em casa”.
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Bem, fiz exatamente o que o Pablo de Assis me falou com o Padawan e a agressividade dele diminuiu muito! E, adivinhem? Ele continua criando, e muito, suas fantasias.
O que você acha de tudo isso? Bem o Fredric Wertham deve estar feliz lá no inferno….(valeu @cardoso pela lembrança desse infeliz do Wertham)