O Morango do Amor e o poder transformador de um doce viral

O Morango do Amor e o poder transformador de um doce viral

O Morango do Amor dominou a Festa Julina de Sorocaba ontem à noite. Fui no dia 24 de julho, com aquela expectativa tradicional de barracas, música, milho, quentão, canjica e, claro, muitos doces.
Mas o que me surpreendeu foi ver praticamente todos os ambulantes vendendo o tal Morango do Amor.
Não era só a quantidade, mas o fenômeno: filas. Filas longas. Em todas as barracas que ofereciam o doce.

O mais curioso? Eu ia fazer um post bem crítico sobre o paladar infantil atual. Sobre como as pessoas são facilmente influenciadas pela trend do momento. Quase publiquei algo debochando do hype. Mas ainda bem que não fiz.

Porque ontem, ali, no meio da festa, percebi outra coisa.

Quando um doce vira um divisor de águas

O Morango do Amor viralizou nas redes sociais praticamente semana passada. Vídeos no TikTok, no Instagram, reels e stories mostrando aquele morango montado com perfeição. A base do doce é simples e direta: morango fresco, envolto por brigadeiro branco, coberto com leite em pó (sim, o famoso leite Ninho), e finalizado com uma camada crocante de caramelo vermelho.

Visualmente, é um espetáculo. E, claro, é doce. Muito doce. Do tipo que conquista qualquer criança e derrete os adultos mais nostálgicos.

Mas o mais interessante não é o sabor. É o impacto.

Um fenômeno que transforma vidas

Essa febre do Morango do Amor virou um ponto de virada para muitas pessoas.
Gente que estava com pouca saída na festa, que tinha apostado tudo na barraquinha de brigadeiro, ou que estava vendendo pipoca gourmet e não via retorno. Do dia para a noite, começaram a vender o doce viral.

E começaram a faturar.

É o tipo de coisa que muda o mês. Que paga aluguel, compra material escolar, reforça o estoque, acende esperança.

Lembra do Buddy Valastro?

O Buddy Valastro, da Carlo’s Bakery, virou ícone na TV por causa dos bolos monumentais. Mas pouca gente lembra que o ponto de virada dele foi bem mais humilde: cupcakes.

No auge da crise americana, os pais não tinham dinheiro para comprar presentes para os filhos. Buddy teve a ideia de fazer cupcakes baratos, acessíveis, coloridos. Vendia a dois dólares.

Era o suficiente para as crianças se sentirem presenteadas. Era pouco dinheiro, mas muito significado.
E essa sacada, a de olhar para o que toca as pessoas, transformou uma confeitaria de bairro em um império.

Um novo fôlego para quem precisava

No Espirito Santo, a Confeitaria Da Sá viveu algo parecido. Eles já faziam doces ótimos, mas a concorrência era brutal. Quando perceberam a onda do Morango do Amor, decidiram apostar.Investiram nas embalagens. Capricharam na montagem. Postaram nas redes sociais.

Deu certo.

As vendas subiram. A esperança cresceu. E, o mais importante: veio um novo fôlego.

A experiência aqui em casa

Claro que eu comprei. Trouxe um Morango do Amor para a Fá, o Bu e o Padawan experimentarem.
Os olhos da Bu brilharam. Sério! O contraste do morango gelado com o brigadeiro branco, o leite em pó e aquela casquinha dura de caramelo vermelho fez sucesso aqui em casa.

Eles adoraram. Eu? Experimentei. Mas, sendo sincero, achei absurdamente doce. Doce no nível “isso aqui vai me dar um colapso pancreático”. Mas entendo: eu tomo café sem açúcar. Qualquer coisa minimamente doce já me parece sobremesa de formiga.

Ainda assim, foi especial. Porque vi o quanto aquele momento foi feliz para eles.

E o que aprendemos com isso tudo?

Que o paladar infantil é sim mais doce. Mas que a nossa visão como adultos precisa ir além do gosto. Um doce viral pode parecer só mais uma moda passageira. Mas, às vezes, ele é exatamente o que alguém precisava para mudar de vida.

A gente fala muito em ensinar nossos filhos e filhas a não seguirem modinhas, a não se deixarem levar por tendências vazias. Mas talvez a lição esteja na outra ponta.

Talvez o melhor ensinamento seja mostrar que, mesmo algo tão simples quanto um Morango com brigadeiro, pode conter esforço, criatividade e uma grande reviravolta.

Fácil é julgar. Difícil é enxergar o todo.

Da próxima vez que um doce viral cruzar nosso caminho, em vez de torcer o nariz, talvez seja melhor perguntar: quantas vidas ele está adoçando por trás da embalagem?

Essa é a pergunta que vou ensinar os meus filhos a fazer.