Novamente culpam os videogames pela violência do mundo

Novamente culpam os videogames pela violência do mundo

Em 1999, um estudante de medicina entra numa sessão de cinema no Shopping Morumbi (São Paulo), com uma submetralhadora, mata três e fere outros espectadores. Estava passando o filme O Clube da Luta e logo começaram a vincular o filme ao ato de violência.

Em 2004, Gil Rugai deu 11 tiros na residência em que morava e matou seu pai e sua madrasta. Lembro que culparam o game Duke Nukem por essa barbárie.

Dia 13 de março de 2019, duas pessoas entraram em uma escola em Suzano/SP, sendo que uma delas foi expulsa recentemente, e, pelas últimas notícias, mataram seis alunos e duas funcionárias da escola.

O vice-presidência da República fez uma declaração e, claro, culpou os videogames por isso:

“Hoje a gente vê a garotada viciada em videogames violentos. Quando eu era criança jogava bola, soltava pipa e jogava bola de gude”

A Universidade de Oxford realizou uma ampla pesquisa indicando que não há correlação entre comportamento agressivo em jovens e contato com games violentos. Reuniram 1004 adolescentes, entre 14 e 15 anos, e a mesma quantidade de pais ou responsáveis – totalizando 2008 participantes.

O estudo analisou o conteúdo de vários games e levaram em consideração suas de acordo com suas classificações indicativas na Europa e nos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que recebia relatos comportamentais dos responsáveis pelas crianças. Diferente de pesquisas prévias sobre esse assunto, os cientistas divulgaram o método usado com antecedência, garantindo mais credibilidade.

Quem quiser ler a pesquisa, ela se encontra completa aqui. . E a University of York também realizou outra pesquisa que deu o mesmo resultado. Pode ler aqui

Chega a ser infantil culpar determinado comportamento das crianças e adolescentes usando a Cultura Pop e o mundo dos games. É muito mais complexo e quando um político diz isso, é mais importante analisar o que ele não disse.

Mas o que pode resultar essa violência, Nerd Pai? Como podemos evitar que isso ocorra no futuro?

Olha, isso é a soma de vários fatores e confesso que sou incapaz de listar todos. Porém a tendência é piorar. E muito! O que podemos fazer é ficar atentos aos nossos filhos e filhas e conversar MUITO com eles. Saber de tudo o que eles passam é primordial para entenderemos o que passa em suas cabeças.

Não será o Fortnite que irá estimular o seu Padawan a pegar uma arma e matar geral. Isso você pode acreditar.

Aproveito e deixo essa thread aqui de um psicanalista:

“Em geral, o que dá para afirmar é que, com a devida supervisão, videogames, mesmo violentos, são ambientes mediados e seguros para que, por exemplo, jovens tenham como lidar de forma catártica com certos afetos.

Exceto em casos extremamente raros, crianças e jovens sabem delimitar a fronteira entre o que é fantasia e o que é factual, do cotidiano e das relações. É uma habilidade inclusive aperfeiçoada por coisas como videogames.

E, no caso desses casos raros, livros, filmes, novelas e seriados, músicas e artes plásticas, não só as violentas mas de qualquer tipo, poderiam ser ‘perigos’. O gatilho do que leva ao ato violento em certos transtornos é bastante imprevisível”

Link para a Thread: https://twitter.com/marcdonizetti/status/1105905879696793600
https://twitter.com/marcdonizetti/status/1105905879696793600