Todos os pais e mães querem que os filhos tenham sucesso. Querem que eles sejam inteligentes, espertos e que o futuro seja brilhante! Oras, amamos nossos filhos e queremos sempre o melhor para eles! Certo? Bem, não sei responder essa pergunta.

Vejo muitos pais, e muitas vezes eu me incluo nessa, caminhando entre o limite do orgulho e da razão. Freqüentemente vejo postagens de pais se vangloriando dos feitos dos seus Jovens Padawans!

Minha filha começou a ler com 2 anos!”
 
“O meu com 8 meses já sabia tocar várias músicas do Chopin na flauta doce!”
 
“Adivinha quem foi o campeão de luta greco-romana? Meu filhão! Mas na natação ficou em 2º lugar e vamos trocá-lo de academia. Os professores lá parecem não se empenharem muito bem.”
 
“Meu filho começou a aula de programação. Tem um semana já e o professor disse que ele tem tudo para ser o novo Steve Jobs.

Exigimos muito dos nossos filhos e filhas. Muitos pais os tratam como miniexecutivos com agendas totalmente cheias durante toda a semana. Não basta mais ficarem 5, 6 horas na escola! Eles precisam também ficar ocupados o tempo inteiro com tudo que é curso!

Agora pergunto: tudo isso é para eles ou é para você? Quando éramos crianças, tínhamos uma agenda diária mais cheia que a do Presidente do EUA? Ou a nossa única preocupação era de ser criança?

O psicoterapeuta João Figueiró, um dos fundadores do Instituto Zero a Seis, instituição especializada na atenção à primeira infância, disse que estamos criando uma bomba-relógio. O estresse infantil está aumentando e isso é muito sério.

É uma troca que não vale a pena. Frequentemente essa rotina impõe à criança um sentimento de incompetência, pois lhe são atribuídas tarefas para as quais ela não está neurologicamente capacitada.

Conforme a Academia Americana de Pediatria publicou, o risco dessa exposição são danos que vão bem além da infância, como a propensão a doenças coronarianas, diabetes, uso de drogas e depressão.

Estudos recentes apontam que a taxa de suicídio cresceu em todo o mundo. De 2000 a 2015, os suicídios aumentaram 65% entre pessoas com idade de 10 a 14 anos e 45% de 15 a 19 anos — mais do que a alta de 40% na média da população.(via).

Está na hora de desaceleramos nossos filhos e filhas, pois a depressão está crescendo em todas as faixas de idade. As crianças não precisam ser o melhor da classe e nem sugerir melhorias nas partituras do Beethoven com 9 anos de idade. Precisamos entender que eles são crianças e o excesso de tarefas e pressão irão quebrá-los.

Precisamos colocar nosso filhos acima do nosso ego.

Bem, defendo muito o caminho do meio. Podemos sim, colocá-los em atividades extracurriculares se isso for do agrado deles. Forçar a molecada a fazer algo que não querem e exigir performance  é crueldade! Tudo tem o seu tempo, certo?

E, por favor,  nem me venha com esse papinho que essa geração é do merthiolate que não dói, pois tenho certeza que você não tinha uma agenda semanal da magnitude que muitos Padawans hoje.

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