É não esperar recompensas, mas ficar feliz caso cheguem.
É aprender errando, saber a hora de falar e se calar.
É contentar-se em ser reserva, coadjuvante, deixado para depois.
É viver as fraquezas que depois corrigirá no filho, fazendo-se forte em nome dele.
É aprender a ser contestado mesmo quando no auge da lucidez.
É saber que experiência só adianta para quem as tem, e só se tem vivendo.
É agüentar a dor de ver os filhos passarem pelos sofrimentos necessários, buscando protegê-los sem que percebam, para que consigam descobrir os próprios caminhos.
É nunca transferir aos filhos a própria dor, sofrimento, vício ou queda.
É ser bom sem ser fraco, jamais transferindo sua própria imperfeição.
É aprender a ser ultrapassado, mesmo lutando para se renovar.
É aprender a sufocar a necessidade de afago e compreensão, mas ir às lágrimas quando chegam.
É saber se apagar à medida em que mais nítido se faz na personalidade do filho; sempre como influência, jamais como imposição.
É saber ser herói na infância, exemplo na juventude e amizade na idade adulta do filho.
É formar sem modelar, ajudar sem cobrar, ensinar sem demonstrar, sofrer sem contagiar, amar sem receber.
É saber receber raiva, incompreensão, ódios passageiros, revolta; e a tudo responder com capacidade de prosseguir sem ofender.
É atingir o máximo de angústia no máximo de silêncio, o máximo de convivência no máximo de solidão.
É quem se anula na obra que realizou e sorri, sereno, por tudo haver feito para deixar de ser importante.
É, enfim, colher a vitória exatamente quando percebe que o filho a quem ajudou a crescer já, dele, não necessita para viver.