A primeira coisa que vem na mente de muitos é que a essência dos filmes de zumbis é muita violência e sangue para todos os lados. Porém existe algo mais terrível nesse gênero de filmes/séries.
O primeiro filme de zumbi foi em 1932, o White Zombie (Zumbi Branco). O ator Bela Lugosi transformava pessoas saudáveis, no Haiti, em trabalhadores zumbis.
O filme foi um sucesso e teve uma continuação, o Revolt of the Zombies (Revolta dos Zumbis), de 1936.
Ambos os filmes foram frutos da Grande Depressão que assolou os EUA. Poucos empregos e muitos trabalhadores é uma fórmula que leva pais e mães a enfrentarem quase uma semi-escravidão para que vivam com uma certa dignidade.
Ou seja, praticamente viraram zumbis, onde o único desejo é o alimento no final do dia.
Em 1968 George Romero criou o pai dos filmes modernos sobre zumbis. Seres putrefatos que se arrastam, emitem grunhidos e se alimentam de cérebros humanos.
Podemos fazer várias analogias aqui.
A melhor que eu acho é a que os zumbis nada mais são que seres que impõem o seu way of life de uma forma bruta, pois não permitem que a outras pessoas decidam se querem ou não viverem como eles.
Zumbis são os radicais que querem de qualquer forma que todos sejam iguais a eles. São aqueles que impõem suas vontades sem respeitar a sua, pois eles não tem a capacidade de dialogar.
A Noite dos Mortos-Vivos foi um sucesso e gerou várias continuações, provando que o público gosta desse tipo de filme. E gosta não por causa da violência e cabeças explodindo, e sim pois fazem elas perceberem que como é fácil desmoronar a nossa sociedade.
As artes cênicas e sua dramaturgia são as responsáveis por vivermos experiências inimagináveis. O teatro, cinema e séries nos tiram da nossa vidinha simples e nos provocam e, assim, podemos rever vários conceitos que achamos imutáveis.
Filmes e séries de zumbis servem para isso Jovens Padawans. Uma prova é o seriado The Walking Dead, que teve sua origem nos quadrinhos, onde os zumbis são praticamente coadjuvantes na história.
O nervo central da trama do The Walking Dead é como o ser humano se adapta para sobreviver em uma sociedade que ruiu. Um grupo com os mais diferentes tipos de pessoas se unem e enfrentam não só os zumbis, mas outros humanos, na intenção de conseguirem um lugar ao sol longe dos andarilhos (como em A Noite dos Mortos-Vivos, em nenhum momento o nome zumbi é mencionado).
E mais.
The Walking Dead mostra a luta de um pai para criar seus filhos nesse novo mundo. Valores de antes não servem agora. E quem tem filhos chega a ser perturbador o que ocorre em vários momentos da série.
Filmes, séries e quadrinhos de Zumbis não são sobre Zumbis, e sim sobre como a nossa sociedade é frágil e egoísta.
Zumbi no cinema em 2015
Nesse ano estreia o filme Maggie, com o Arnold Schwarzenegger.
Na história, a filha de Arnold, a Maggie, é infectada por um vírus zumbi. Ao invés dele sentar e chorar, ele luta para passar os últimos dias ao lado da sua filha até a derradeira transformação/morte.
Confira o trailer de Maggie:
Você pode gostar de ver filmes e séries de zumbis por causa da violência. Mas comece a analisar o outro lado também. Certeza que você terá uma outra visão desses seres.
E se você quer apenas se divertir com cabeças explodindo e sangue para todos os lados, sem problema! Não sou um zumbi e não quero te impor nada 😉