É bem verdade que hoje em dia muitos pais estão cientes dos riscos que seus filhos estão expostos diariamente na internet, entretanto, também é verdade que poucos sabem como protegê-los ou mesmo como instruí-los sobre o assunto.

A internet atualmente não oferece os mesmos riscos de antigamente… oferece bem mais. Há pouco mais de uma década atrás, a maioria das ameaças na internet era relacionada a vírus que causavam comportamento anormal em seu sistema operacional ou mesmo deletava arquivos pessoais. Mas a época desse tipo de ameaça já passou. Tecnologias evoluíram, bem como a imaginação das pessoas com más intenções, e que também estão conectadas à grande rede.

As ameaças atuais possuem consequências bem mais drásticas do que perder arquivos importantes. De roubo de senhas de banco a sequestro de fotos íntimas com preço de resgate definido em bitcoins, há uma longa lista de outras armadilhas que se propagam pela rede a cada minuto. Esses são dois exemplos bem comuns de crimes online que podem trazer perdas financeiras incalculáveis às vítimas, sem contar os prejuízos inestimáveis à reputação

Uma pessoa que tem uma foto íntima ou qualquer informação pessoal exposta na internet de forma indevida e não autorizada por ela, também arca com danos à sua própria imagem, reputação, sofrendo desgastes psicológicos, dentre outros males.

Todos nós estamos vulneráveis a algum tipo de experiência negativa na internet, inclusive nossos filhos.

Um estudo recente realizado pela Oxford Internet Institute na Universidade de Oxford, revelou que de 515 pessoas entrevistadas com idade entre 12 e 15 anos, 14% haviam tido alguma experiência negativa na internet no ano anterior, 8% haviam sido contatadas por algum desconhecido, 4% haviam visto alguém tentando se passar por elas na internet, 3% viram algo que as deixou assustadas e 2% viram conteúdo sexual que as deixaram desconfortáveis.

Tão preocupante quanto o percentual de vezes que tais riscos se materializam na internet, também é o percentual de pais (90%) que não fazem ideia alguma de que boa parte do conteúdo negativo online pode ser filtrado através de recursos como uma configuração simples no navegador chamada “Controle dos Pais”.

Adicionalmente ao recurso de Controle/Filtro dos Pais, que abrange apenas o navegador onde esse recurso está disponível e pode ainda trazer diversos problemas quando mal configurado. Para garantir maior segurança e privacidade na internet também há a possibilidade de utilizar um serviço de VPN (Virtual Private Network, ou Rede Virtual Privada). Essa tecnologia, anteriormente utilizada apenas por grandes corporações, se tornou popular e hoje em dia e está acessível para qualquer tipo de usuário. Ao utilizar uma VPN, seu computador cria um “túnel” privado, onde todos os dados trocados entre seu computador e os servidores de internet trafegam de forma criptografada, impedindo que hackers interceptem suas informações e as utilizem indevidamente.

Neste caso, como garantir que seu filho não veja determinado tipo de conteúdo?

A OII sugere que, melhor do que utilizar filtros, devemos mesmo conversar e educar as crianças. Segundo eles, tais filtros deveriam ainda ser desativados o mais rápido possível.

E isso faz sentido, pois nenhum filtro seria capaz de barrar, por exemplo, um ataque por engenharia social, quando alguém mal intencionado utiliza de técnicas psicológicas e  consegue ludibriar a vítima e obter informações sensíveis diretamente dela.

Mas é aquilo, você decide a melhor forma de proteger seus filhos. Filtros certamente o ajudarão a bloquear conteúdo indesejado, mas há também uma série de outras ações que você pode utilizarpara reduzir as chances de experiência negativa online com você, e mais importante, seus filhos.

Os perigos online podem parecer horríveis em um primeiro momento, e realmente são. A boa notícia é que você pode se proteger da maioria deles sem precisar investir muito tempo, esforço e dinheiro.

Veja 6 dicas abaixo que podem te ajudar a garantir sua privacidade online:

1.       Disponibilize acesso à internet somente em áreas comuns

Se boa parte dos crimes de internet se materializam através de engenharia social, limitar esse tipo de ameaça pode demandar ações não tecnológicas. É simples, quando rodeadas por outras pessoas, quem acessa a internet em um desktop ou laptop o faz de forma bem mais consciente. Instale o computador de seus filhos em uma área compartilhada da casa. Não instale um desktop no quarto dos seus filhos nem faça o sinal do WiFi chegar até lá, mas obviamente converse com eles sobre os riscos que eles estão expostos e o porquê deles não poderem acessar a internet sozinhos em seus quartos.

Sempre encoraje seus filhos a falar sobre qualquer site, mensagem ou contato de alguém que o tenha deixado desconfortável ou mesmo irritado. Posteriormente você pode bloquear tal site ofensivo ou mesmo um determinado endereço de email que tenha enviado algo inadequado a seu filho.

2.       Crie limites

Deixe claro o que pode e o que não pode ser feito ou acessado na internet. Por exemplo, você pode dizer a seus filhos que eles só podem instalar aplicativos ou baixar arquivos com a sua permissão. Restringir o acesso durante determinados horários também é uma ação adotada por alguns pais.

3.       Utilize uma VPN para criptografar todas as suas conexões automaticamente

Atualmente há diversos serviços online que oferecem a possibilidade de uso de VPN por qualquer usuário através de pagamento mensal de assinatura do serviço. Há alguns anos atrás, se você ou sua empresa decidisse utilizar essa tecnologia, você teria que arcar com o custo de criar uma estrutura própria de servidores, licenciar softwares e contratar especialistas para colocar tudo pra funcionar corretamente. Hoje é possível pagar valores irrisórios para obter todos os benefícios de uma conexão segura a internet através de uma VPN. Na maioria dos serviços de assinatura de VPN, é possível utilizar um software em seu computador que passa a gerenciar as conexões e garantir que tudo passe pelo túnel privado de forma transparente.

4.       Fique atento às redes sociais

Há dezenas de redes sociais disponíveis atualmente, mas nem todas possuem mecanismos que reduzem as chances de conteúdo impróprio ser visualizado inadvertidamente. Seu filho precisa mesmo ter perfil em todas elas? Você pode restringir quais redes sociais eles acessam e verificar de tempos em tempos a lista de amigos com quem eles mantêm contato frequentemente. Mesmo uma rede social onde conteúdo pornográfico é proibido, não está livre de pessoas com más intenções, muitas vezes escondidas atrás de perfis falsos querendo iniciar amizades com crianças e adolescentes desavisados.

5.       Lembre-se do uso de aplicativos de mensagem

Se você é um pai ou mãe certamente já se acostumou com o uso de telefone celular e smartphone para manter contato com a família e saber se está tudo bem enquanto está fora de casa. Você recebe uma foto do seu filho a qualquer momento, esteja ele na escola ou no parque. Ao dar um smartphone ao seu filho, informe-o sobre os riscos de enviar fotos ou vídeos pessoais a outras pessoas, bem como sobre conversar e dar informações pessoais, como o endereço de casa, a desconhecidos ou pessoas que eles conhecem apenas online.

6.       Não esqueça dos vídeo games e jogos online

Em um estudo entre crianças com idade entre 11 e 16 anos, a Kaspersky levantou que 38% delas já haviam passado por alguma situação onde interagiam com alguém fingindo ser outra pessoa em plataformas de jogos online. Desse mesmo grupo, 23% já haviam recebido perguntas pessoais ou suspeitas enquanto jogavam online; 20% disse confiar tanto na plataforma que jamais imaginaria qualquer risco em conhecer algum parceiro de jogos online na vida real. Para piorar, um terço do grupo relatou que os pais não fazem a mínima ideia sobre com quem eles conversam quando estão jogando online.

criança com tablet em um parque

7.       Procure pela versão “Kids” dos aplicativos

Você certamente já viu a opção para crianças aparecer na tela quando você abre seu aplicativo do Netflix para ver sua série favorita. Aquela opção faz com que todo o conteúdo disponibilizado no catálogo seja voltado a crianças. Dá pra fazer a mesma coisa com o YouTube, por exemplo. O aplicativo YouTube Kids está disponível para Android e iOS e basta instalá-lo no seu tablet ou smartphone para garantir que seu filho não veja vídeos inapropriados sem querer.

Concluindo, para garantir que seus filhos não sejam expostos a situações ou riscos desnecessários, além de configurar filtros e assinar um serviço de VPN, você deva ter também uma boa conversa sobre os riscos e consequências de navegar em lugares inapropriados na web, manter contato com estranhos ou mesmo baixar e compartilhar arquivos em redes sociais.