O poder da criatividade dos Padawans
Muitas vezes eu fico quietinho vendo o Padawan brincando. Ele pega seus bonecos, carrinhos e dá vida a eles. Cada vez é uma história, uma aventura, diferente.
Muitas vezes eu fico quietinho vendo o Padawan brincando. Ele pega seus bonecos, carrinhos e dá vida a eles. Cada vez é uma história, uma aventura, diferente.
Fiz um post no dia 7 de outubro de 2013 que defendia que não precisamos dar presentes para os nossos Padawans em datas festivas – como o Dia das Crianças, Dia das Mães ou o Dia dos Pais – para que o Padawan não se tornasse um consumista.
Estava na Pousada do Rio Quente com o Padawan em janeiro em férias. Ficávamos na piscina o tempo inteiro e o Padawan fez várias amizades.
Em uma certo momento, um moleque entrou com um barquinho de brinquedo na piscina e o Padawan quis brincar com ele. Nesse primeiro momento, o moleque negou e não deixou o Padawan brincar.
Quando a Fá estava grávida do Padawan, começamos a reparar as relações dos pais com seus filhos em lugares públicos. Oras, seríamos pais em alguns meses e a melhor maneira de ter alguma noção de como seria essa aventura era observando outros pais.
Desde de 2010, quando nasceu o Padawan, eu leio muito sobre o contato das crianças com a tecnologia. Já li livros, conversei com psicológicos, professores, fui em workshops, palestras e simpósios sobre o assunto.
Esse gif da Rainha Elizabeth II pedindo para o seu neto, o Príncipe William, se levantar rodou pela internet.
Algo que sempre comento que o problema do Brasil é apenas um: a falta de educação. Se os políticos focassem em uma educação de qualidade, a criminalidade iria cair e a saúde da população iria melhorar.
Nossos filhos SEMPRE adoram mostrar algo que fizeram. Eles fazem isso pois querem a nossa aprovação. Mesmo que o desenho esteja mais ou menos, iremos soltar um NOSSA, QUE COISA LINDA! VOCÊ É MUITO BOM!
Ano passado comecei a usar um app de sistema de pontos com o Padawan. Funciona assim: cada tarefa concluída ele ganhava uma estrela e quando chegasse a X estrelas ele estava apto em receber a recompensas.
Eu trabalho ao lado de uma escola infantil, com boa estrutura, bom nome e considerada uma das mais caras e boas da região. Algumas crianças chegam às 7h e saem às 19h, outras estudam em meio período. Ouço toda a movimentação da hora de almoço deles, hora das brincadeiras, algumas aulas e TODA gritaria que crianças pequenas podem promover juntas. Dia desses ouvi algumas crianças discutindo e dizendo para um menino que ele não poderia brincar com o grupo por ser “preto”. Uma das professoras interveio e perguntou o que estava acontecendo, o garotinho que parecia ser o chefinho do grupo respondeu e a professora não levou nem cinco segundos pra dar uma resposta. O diálogo foi assim:
Professora: “Porque ele não pode brincar com vocês?”
Aluno: “Por que ele é preto.”
Professora: “Você tem as orelhas grandes, nem por isso é deixado de lado. Não importa se é alto, baixo, gordo, magro, preto, branco ou tenha qualquer outra característica, vocês são todos iguais e vão brincar todos juntos, ou ninguém mais vai brincar.”
Achei muito correta a atitude da professora diante da situação e pensei que é isso que eu espero de uma escola. Que quando eu não estiver lá pra educar nesses momentos, que alguém intervenha e transmita essa mensagem. Pra mim o alto valor cobrado se justificou naquele momento.
Alguns dias mais tarde estávamos com meu enteado em uma festa onde havia algumas meninas brincando e querendo que ele participasse, a menorzinha ficou encantada com ele e o seguia o tempo todo. Depois de um tempo ele veio até nós e disse que não queria brincar com elas por que ele era melhor que as meninas. Gelei. Mas não deixei passar o momento de situar o pequeno no mundo. Puxei num canto abaixei na altura dele e expliquei que aquilo que ele estava dizendo estava errado e que ninguém é melhor do que ninguém, todos nós temos qualidades, defeitos, somos chatos ou legais e somos todos igualmente importantes. Falei em tom de quem corrige e chama a atenção. Não foram necessários gritos ou agressões de nenhuma natureza, mas foi preciso firmeza. Em seguida o pai assumiu o posto e reforçou o recado. Mas gente, como esses dois episódios me incomodaram, pois nem sempre se assume essa postura diante dessas situações, pois as pessoas pensam que se trata de coisa de criança, mas não é. Esses questionamentos podem sim surgir na infância, mas é nesse momento em que isso deve ser explicado e que se deve aproveitar para ensinar aos pequenos que não, eles não são melhores, não são estrelas ou reis e todo o resto seus súditos. Eles podem sim, serem muito importantes para nós e muito amados por nós, mas isso não os torna centro do mundo.
Acredito que é dever de todos nós que temos contatos com os pequenos Padawans transmitir esses valores para que não cresçam com a visão errada de si e do mundo que os cerca. Pois vale muito mais levar uma bronca de quem os ama e aprender do que levar as porradas que o mundo lá fora tem pra dar e, eles vão levar esses solavancos, mas se estiverem preparados, se souberem que é assim pra todo mundo, as chances de se saírem bem são enormes e o nosso dever estará cumprido.
Se você notar que seu Padawan discrimina alguém seja lá por qual motivo, sente e explique que o mundo é cheio de pessoas diferentes, mas que somos todos igualmente importantes. Não perca a oportunidade de ensinar seu pequeno a lidar com todas as diferenças que nos cercam.
Depois que passei por esses dois episódios tentei encontrar alguma literatura que tratasse deste tema para o público infantil, não encontrei nada específico para crianças muito pequenas, mas encontrei o livro A cor do preconceito, que trata do preconceito na escola e na sociedade em geral. Se você tem Padawans alfabetizados e já saídos da primeira infância, pode ser uma boa leitura para fazerem e analisarem juntos.
Se você conhecerem algum livro voltado para os pequenos, deem suas sugestões nos comentários. Estou atrás de algo assim para continuar o aprendizado aqui em casa.
Fonte: Editora Ática